— Eu não gosto! — Disse a garotinha. — É muito ruim! Não
quero mais!
— Mas você já comeu quase tudo! Vamos lá! É para o seu próprio
bem! — Disse a mulher que segurava a colher cheia. — Só mais três ou quatro
colheradas!
Cuidadosamente ela reorganizou a colher, fora muito difícil misturar
os ovos e as larvas na comida sem comprometer
completamente o gosto. Por um instante ela divagou sobre o fato de que
se era capaz de fazer uma criança comer larvas e ovos de besouros, seria capaz
de fazer qualquer um comer qualquer coisa. Então voltou logo a seu afazer,
assegurar que o estomago daquela criança estivesse muito em breve recheado de
criaturinhas repugnantes.
— Você é uma garotinha muito boazinha! E se comer tudo, a
titia vai deixar você brincar com os aviõezinhos do papai! O quanto você
quiser!
A garotinha era filha de um jovem piloto americano. E a mãe
dela também trabalhava para as forças aéreas, como enfermeira. Ela nascera e
crescera na base, estudava com outros garotos que também eram filhos de pilotos
e afins. Mas ela nunca havia tido uma baba antes, nem nunca ouvira algum dos
seus amiguinhos contar que tinha uma. Quando seus pais estavam ambos ocupados
com os deveres da base, ela ficava na escola. Mas além de ser a primeira vez
que ficava tanto tempo sem ver os pais ou ir a escola, ela gostava da baba.
Mas não fazia idéia do tempero especial de sua comida.
— Muito bem, acabou! Agora você pode ir lá pra cima brincar
com os aviões enquanto em arrumo algumas coisas lá no porão, combinado? — A
baba limpou a boca da menina e ajudou-a afastar a cadeira.
— Sabia que eu também vou ser piloto quando crescer? — Disse
a garotinha enquanto corria e subia aos tropeços pela escada, tentando
aproveitar o máximo de tempo possível para brincar com a coleção de aeromodelismo
de seu pai.
A baba entrou no porão, e trancou novamente a porta atrás de
si. Sabia que a menina passaria bastante tempo lá em cima. Desceu as
escadas e aproximou-se do caldeirão.
— Piloto? A pobrezinha não percebeu que não vai ter a
oportunidade de crescer. — Disse a si mesma enquanto jogava o farelo de ossos
no liquido escuro.
O caldeirão não borbulhou. Não expeliu fumaça ou nada mais. Apenas
recebeu o pó que lentamente era encharcado e começava a descer e desaparecer no
liquido viscoso.
— Ô, Hécate, minha senhora! Traga a mim os embriões da noite
para que juntas possamos despertar e escravizar Khephera e criar nosso
exercito! — Então uma única bolha subiu do centro do caldeirão e eclodiu
revelando um pequeno escaravelho que voou até a mão estendida da Tajana. —
Venha meu amiguinho, você tem um bolo de aniversario para rechear!